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Artigo sobre terapia de casal, publicado na Revista da "Associação internacional de psicanálise de casal e família" em francês, sob o título: "Types psychologiques dans la psychothérapie en couple". Disponível no site www.aipcf.net, 2010/1.

                         Abaixo, a versão em português do artigo.

   Tipos psicológicos na   
        terapia de casal

 

       Mauro Hegenberg    -    MD,   PhD    (www.psicobreve.net)

 

               Professor do Instituto Sedes Sapientiae.  - São Paulo, Brasil.   

 

(artigo publicado na “Revista da Associação internacional de psicanálise de casal e família”,   no site: www.aipcf.net – ano 2010/1 – número 7 – ISSN 2105 - 1038)

 

O relacionamento de um casal ocorre no espaço potencial criado pela díade e se desenvolve no entrecruzamento de suas realidades internas com o jogo de projeções e introjeções que acontece na interação de suas subjetividades. A relação dos dois é influenciada pela biografia e pela herança transgeracional de cada um e pelas diferentes circunstâncias da história do casal, aí incluído o seu momento socioeconômico.

   Esse artigo alerta para a importância de se compreender a interação de um casal a partir do reconhecimento dos tipos psicológicos de cada um deles. A compreensão do funcionamento dos tipos psicológicos facilita a elaboração do modelo de trocas afetivas e cognitivas por parte do casal.

  

 

 

 Tipos libidinais

 

Em seu artigo Tipos libidinais, Freud propõe três tipos psicológicos, classificados com base na situação libidinal, extraídos da observação e “confirmados pela experiência” (FREUD, 1931, p. 251). Os três tipos são chamados de erótico, narcísico e obsessivo.

   O tipo erótico está voltado para o amor. “Amar, mas acima de tudo ser amado”. São pessoas “dominadas pelo temor da perda do amor e acham-se, portanto, especialmente dependentes de outros que podem retirar seu amor deles”. Algumas “variantes ocorrem segundo se ache mesclado com outro tipo, e proporcionalmente à quantidade de agressividade nele presente” (FREUD, 1931, p. 252).

   O tipo obsessivo distingue-se pela predominância do superego. São pessoas dominadas pelo temor de sua consciência em vez do medo de perder o amor. Apresentam, por assim dizer, uma dependência interna em vez de externa. São indivíduos com alto grau de autoconfiança (FREUD, 1931, p. 252). Freud, em “O mal estar na civilização”, referindo-se ao mesmo tema, considera o tipo obsessivo como pessoa de ação, que “nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar sua força” (FREUD, 1929, p. 103).

   O terceiro tipo, denominado narcísico, é independente e não se abre à intimidação. Não existe tensão entre o ego e o superego e o principal interesse do indivíduo se dirige para a autopreservação. Seu ego possui uma grande quantidade de agressividade à sua disposição, a qual se manifesta na presteza à atividade. O amar é preferido ao ser amado. “Podem assumir o papel de líderes, não se incomodam em danificar o estado de coisas estabelecido” (FREUD, 1931, p. 252/3). Tende a ser auto-suficiente, buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos (FREUD, 1929, p. 103).

Tipos: P, N e EL

 

Baseado nestes tipos apresentados por Freud e na tabela proposta por BERGERET (1974, p. 141, figura 7), HEGENBERG (2004) sugere a seguinte tabela:

tipos de personalidade

intância dominante

natureza do conflito

natureza da angústia

defesas principais

relação de objeto

tipo N

Superego

Superego x Id

de castração

Recalcamento

Genital

tipo P

Id

Id x realidade

de fragmentação

Clivagem do ego; projeção

Fusional

tipo EL

Ideal do Ego

Ideal do Ego x Id x realidade

de perda do objeto

Clivagem do objeto

Anaclítica

 

   Os tipos libidinais obsessivo, narcísico, e erótico, de Freud, correspondem respectivamente, com ressalvas, aos tipos N, P e EL (HEGENBERG, 2004). Pode-se observar também a contribuição de BERGERET (1974) e de GABBARD (1994) na delimitação dos tipos descritos a seguir. Quando menciono os tipos, refiro-me a pessoas normais, que possuem o mesmo modo de funcionamento psíquico que os casos graves relativos a cada tipo, seguindo a proposta de Bergeret.

   O tipo N tem no superego sua instância dominante, sua angústia principal é de castração, o conflito é entre o superego e o id, a defesa é de recalcamento e a relação de objeto é genital, ou edípica; corresponde ao neurótico de Bergeret e ao obsessivo de Freud. São pessoas distinguidas pela ambição e pela competitividade, com bom controle dos impulsos, superego severo com defesas obsessivas, relações de objeto triangulares, exibicionismo sexualizado ou mais ligados à ordem e parcimônia, obstinadas, insatisfeitas, individualistas, austeras, racionais e lógicos, teimosas, submetidas a um superego punitivo. Pessoas que levam o terapeuta a querer competir na relação transferencial ou a se sentir questionado, incompetente, castrado.

   Os aspectos neuróticos levam a pessoa à ação, à conquista, à busca pelo poder, à disputa. A pessoa pode ser falante, às vezes agressiva, incisiva, acusadora, pode parecer autoritária. Seu modo de se colocar no mundo sugere alguém empreendedor, agressivo nos negócios, aparentemente interessado em poder, dinheiro. Ao lidar com a castração, o neurótico deseja triunfar falicamente. A disputa torna-se imperativa, competir passa a ser mais interessante que escutar ou compartilhar, embora a culpa pela conquista possa atrapalhar.

   O tipo P tem no id sua instância dominante, sua angústia principal é de fragmentação, a relação de objeto é fusional, o conflito é entre o id e a realidade, e as defesas principais são a recusa da realidade, a projeção e a clivagem do ego. Corresponde ao narcísico de Freud e à personalidade psicótica de Bergeret.

   São pessoas permeadas pela questão da organização/desorganização, são profundas, mais próximas do id, centradas nelas mesmas, estabelecendo delicada relação com o ambiente potencialmente desestruturador. Alguns são confusos, às vezes são desconfiados, outros são obsessivamente rígidos para evitar a desorganização. Em geral têm um mundo interno rico, são criativos, com idéias próprias, em função de a instância dominante ser o id. Para se defenderem de uma opinião potencialmente invasiva e desorganizadora, podem parecer teimosos. Como a relação de objeto é fusional, defendem-se da proximidade excessiva, que pode ser fator de desorganização interna. O terapeuta, diante destes pacientes, tende a organizá-los.

   O tipo EL tem como instância dominante o ideal do ego, a angústia principal é de perda do objeto, a relação de objeto é de apoio ou anaclítica, a defesa principal é a clivagem dos objetos em bom e mau, o conflito é entre o ideal do ego e o id e a realidade. Há conquista superegóica e edípica, mas eles não são os organizadores da personalidade. Nestas pessoas, a relação é de dependência com o objeto de apoio, fruto do ideal do ego que predomina. O sujeito se defende da depressão, que não é melancólica e que aparece quando o objeto anaclítico deixa de apoiar. São questões frequentes o conflito com o outro a partir da ambiguidade instalada com a equação dependência/ independência. Na relação transferencial o terapeuta tende a confortar, a apoiar. Embora para Freud a questão da dependência do objeto tenha a ver com a angústia de castração, note-se que, de acordo com a concepção aqui adotada, a organização da personalidade gira em torno da angústia de base que é a de perda do objeto. Corresponde ao tipo erótico de Freud e à personalidade estado-limite de Bergeret.

 

Elaboração sobre os tipos

 

Os tipos EL e P não têm o Édipo como principal instância organizadora (termo utilizado por BERGERET, 1974), o que não quer dizer que não sejam influenciados por ele. A questão da castração é universal e todos os seres humanos lidam com ela, em maior ou menor grau. A diferença é que no tipo N, o Édipo é central e a castração é a angústia básica de sua personalidade, enquanto nos tipos EL e P, o Édipo influencia, mas as angústias básicas são a de perda do objeto e a de fragmentação, respectivamente.

   Segundo Freud, os tipos devem incidir dentro dos limites do normal e não devem coincidir com quadros clínicos, embora “possam aproximar-se dos quadros clínicos e ajudar a unir o abismo que se supõe existir entre o normal e o patológico” (FREUD, 1931, p. 251). BERGERET (1974) admite que uma pessoa normal passe pelas mesmas vias estruturais que o paciente neurótico ou psicótico. Ele propõe, dentro do seu quadro das estruturas de personalidade, a existência do neurótico normal e do neurótico patológico, assim como do psicótico normal e do psicótico patológico; entre eles, passa-se da normalidade à patologia, com variações de grau.

   Neste sentido, em relação aos três tipos, observam-se níveis diferentes de rigidez e de flexibilidade em relação às suas características. Quanto mais acentuadas e mais rígidas forem estas características, mais os tipos libidinais de Freud se aproximam dos transtornos de personalidade do Eixo II das classificações internacionais do DSM e do CID.

   Embora o psicanalista não utilize comumente as classificações internacionais, seguramente criticáveis, cabe ressaltar as aproximações teóricas, no intuito de esclarecer o leitor acostumado ao CID e ao DSM, apesar de poderem ser descartadas sem maiores problemas.

   Neste sentido, os casos graves do tipo EL são o transtorno de personalidade borderline, o transtorno de personalidade anti-social e o transtorno de personalidade dependente de acordo com o DSM-IV. Os casos graves do tipo P são os transtornos de personalidade paranóide, esquizóide e esquizotípica de acordo com o DSM-IV. Os casos graves do tipo N são denominados de transtorno de personalidade histriônica e transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva no DSM-IV. Pode-se supor que entre o normal e o caso grave, várias pessoas apresentem diversas e diferentes possibilidades destas características.

   Resumindo, os transtornos de personalidade paranóide, esquizóide e esquizotípica correlacionam-se com o tipo P, narcísico de Freud, ou a estrutura psicótica de Bergeret. Os transtornos de personalidade borderline e antisocial correlacionam-se com o tipo EL, ou erótico de Freud, ou a organização estado-limite de Bergeret. Os transtornos de personalidade histérica e histriônica (GABBARD, 1994, p.363) e obsessivo-compulsiva correlacionam-se com o tipo N, ou obsessivo de Freud, ou a estrutura neurótica de Bergeret.

   Não há um tipo de personalidade mais saudável do que o outro; os três tipos têm suas vantagens e suas desvantagens, os três beneficiam-se e sofrem com seu modo de ser.

   Esses tipos de personalidade são naturalmente investigados, pouco a pouco, ao longo de uma psicoterapia sem prazo fixo, em todos os pacientes. Em uma terapia de casal, a elucidação e a elaboração em torno dos tipos de personalidade facilita a compreensão do modo de ser do outro, diminuindo as querelas tão comuns do cotidiano.

   Embora estes conceitos visem facilitar a aproximação clínica com o paciente, deve-se evitar qualquer visão simplificadora. Todas as pessoas são criativas em maior ou menor grau, todas se defendem de invasões, todas lidam com a castração, todas têm que lidar com a angústia de perda do objeto e de fragmentação, todas têm as características apontadas em cada um dos três tipos; é perceptível, porém, que algumas destas características predominam em uma ou outra pessoa.

Tipos mistos

 

Freud alerta, com razão, que os tipos puros são teóricos e que os tipos mistos são os clinicamente observáveis, “a partir da experiência” (FREUD, 1931, p. 253). Os tipos mistos teriam características de mais do que um dos tipos retratados. O tipo EL/P, por exemplo, teria características do tipo EL e do tipo P, compondo um tipo psicológico com características próprias, singularizadas pela biografia de cada pessoa.

   Na nomenclatura aqui proposta, a primeira letra corresponde ao tipo de base, ou a estrutura e a segunda letra corresponde aos aspectos do outro tipo, aos traços de caráter, de acordo com Bergeret. Então, o P/N tem a estrutura tipo P e traços de N, ou seja, é uma pessoa que lida com a angústia de fragmentação através de uma relação neurótica com o mundo; é uma pessoa de ação, como o Peter do exemplo que virá a seguir. Caso se pense em uma pessoa P/EL, ela seria mais dependente, menos agressiva com o mundo externo, daí mais voltada para si mesma; carente e exigente de afeto, mas de forma menos turbulenta. Da mesma forma, uma pessoa EL/P, embora tenha como base a angústia de perda de objeto, tende a se relacionar com o mundo de maneira mais cautelosa, mais ensimesmada do que se fosse EL/N.

Material clínico

 

Telefonou a esposa e disse precisar de terapia de casal porque ela e o marido passavam por um momento difícil. Mencionou ter sido indicada por uma amiga. A consulta foi marcada para a semana seguinte.

   Os dois compareceram no horário combinado. Ele, com 38 anos, alto e magro, vestido com pouco cuidado. Ela, 30 anos, mulher bonita, vestida com ares de adolescente, inserida na moda de forma displicente e sem exageros. Estão casados há sete anos; duas filhas de dois e quatro anos completam a família.

   O cumprimento inicial foi amistoso, sem ser efusivo ou distante. Entraram na sala de atendimento, olharam ao redor durante uns segundos e se localizaram rapidamente, escolhendo as duas óbvias poltronas destinadas ao casal, diferentes da minha, localizada atrás do divã. Ela, antes de se sentar, ainda perguntou se era aquela a poltrona que deveria ocupar.

   Em seguida, ela informou que foi a amiga, que já fizera terapia de casal comigo quem havia indicado meu nome, o que já havia mencionado ao telefone. Fez-se um pequeno silêncio. Pouco depois, ela se dirigiu ao marido, dizendo: “foi você quem começou a confusão, então você conta o que aconteceu”.

   Ele foi direto ao ponto, dizendo que havia traído a esposa, cinco meses antes da primeira consulta. Contou que não entendia direito por que fez aquilo, que se arrependeu, que estava empenhado em reafirmar a importância da família, que não pretendia se separar. Ela ainda não assimilara o golpe e não sabia se teria condições de manter-se casada após o ocorrido.

   Os dois falaram bastante, ela magoada e ele na defensiva. Enquanto ele falava, ela me lançava alguns olhares cúmplices, como se quisesse me mostrar algo a que ele não correspondesse. O olhar dele era de inquietação, como se me perguntasse onde iria parar toda aquela conversa. Era a primeira experiência de terapia dos dois.

   Ele fez Economia, doutorado na área e atualmente tem uma construtora. Sua família de origem é composta de pessoas abastadas. Não se tocam fisicamente, são formais. A mãe é contra o casamento deles, porque a nora é de origem italiana e sem tradição reconhecida. Não colabora na educação dos netos, não auxilia economicamente, atrapalha se puder. Ele contou à mãe sobre a traição no casamento; na ocasião, ela aproveitou para contar para amigos, parentes e conhecidos, ampliando as dificuldades em relação ao fato.

   Eliza tem família diferente da dele. Italianos, como gosta de salientar, são amáveis, falam sobre tudo, suas relações são abertas e calorosas. Demonstram afeto fisicamente, são espalhafatosos e se auxiliam mutuamente. Eliza completou faculdade de Artes Plásticas, mas nunca trabalhou na área. De vez em quando se ocupa da organização de alguns eventos ligados ao tema. Ela referiu ter parado suas atividades de trabalho para se dedicar à família e com isso permitir ao marido tranquilidade na profissão.

   Ela é a terceira filha de três mulheres. Nasceu quinze anos depois das outras irmãs. Seus pais, quando ela nasceu, eram mais velhos e viajavam bastante, porque estavam, “a fim de curtir a vida”. Segundo seu relato, foi criada também pelas irmãs.

   Durante as sessões, ele foi mais direto, objetivo, estava interessado em entender o que se passava para salvar o casamento. Ela, mais detalhista, pretendia entender os motivos da traição. às vezes um atropelava o outro; nestas ocasiões, ele era incisivo, insistia para que ela o deixasse terminar de falar, aumentava o tom de voz, levantava a mão, e ela se retraia. Chamou a atenção, o fato de Eliza, apesar de ser tão falante, às vezes agressiva, incisiva, acusadora, ameaçando com a separação, calar-se diante do marido no momento em que ele se tornava agressivo.

   No início, eles se ativeram a queixas mútuas: ele não cuida dos filhos, preocupa-se demais com o trabalho, é retraído e “fechado”, mais voltado para seus interesses; ela é insatisfeita, exigente, sempre quer mais.

   Ele reconhece que ela cuida bem dos filhos e da casa, valoriza o fato de Eliza ser bonita, esperta, interessante, loquaz. Ela reconhece que ele se esforça para suprir a casa, que está bem fisicamente, que é um sujeito capaz, não é violento. Ele não tem amigos, encontra-se ocasionalmente com sua família de origem. Ela está rodeada de amigos e de parentes, envolvida nos dramas familiares. Ela se queixou de que ele chega tarde e ainda assim sai para correr enquanto o tempo para a família é restrito. Ele se defendeu alegando que trabalha para a família, que tudo o que faz é para eles e que precisa do esporte para relaxar e aguentar o dia a dia.

Relações entre os tipos de personalidade

 

Na primeira sessão deste casal, que durou duas horas e meia, me preocupei em lhes mostrar o estilo vincular do casal, a partir da compreensão dos tipos de personalidade. Eliza se magoa com Peter porque ele se fecha em seu mundo e pouca atenção lhe dá. Ela entende tal comportamento como desconsideração e tende a discutir, exigindo mais atenção. Depois de salientar aos dois as características de tipo P de Peter e EL de Eliza, eles puderam se apropriar de uma nova maneira de observar a situação.

   O tipo P de personalidade necessita preservar seu espaço pessoal, para não ser invadido. Os estímulos do meio ambiente são potencialmente agressivos e irritantes. Como a angústia do tipo P é de desorganização e a relação de objeto é fusional, ele se defende de invasões potencialmente desorganizadoras; o tipo P mantém certa distância afetiva do outro para não se desorganizar. Peter tem que lidar o dia todo com pessoas e aprendeu a estruturar seus relacionamentos de forma satisfatória no plano profissional. No mundo dos negócios, ele pode manter as relações a uma distância que não o incomoda. Mesmo assim todo esse trabalho de se manter psiquicamente integrado é cansativo. Ao chegar em casa, vislumbra a possibilidade de repouso. Descansar para ele implica em ficar sozinho, em paz, sem estímulos em demasia. Fazer exercícios sozinho é sinônimo de carregar baterias. Uma das queixas da esposa é que Peter gosta de ficar ao seu lado e ver televisão em silêncio; o que para ela significa não interação, para ele implica em sossego. Um jantar a sós e com poucas palavras, para ele é um momento de prazer e de paz, mas para ela é um tédio. A necessidade de Peter de se manter em silêncio passa agora a ser melhor compreendida por Eliza. O fato de ele chegar em casa cansado de tanta interação no seu dia de trabalho, e precisar de repouso e pouco estímulo, pode ser entendido não como descaso, mas como necessidade.

   Poder expor as razões pelas quais um e outro se comportam de maneira diferente permite ao casal obter um novo enfoque para divergências antigas. Não se discriminam os tipos de personalidade do ponto de vista teórico, nem a nomenclatura é citada. Mas, através de exemplos oferecidos pelo casal, é possível demonstrar a eles seu modo de funcionamento, associado a alguma explicação psicológica.

   Explico: para Eliza entender melhor seu companheiro é interessante que ela saiba que ele se esforça psicologicamente para não se desorganizar. Dito assim pode parecer teórico demais, mas no momento em que aponto a motivação para Peter ser incisivo, até grosso, no momento em que ele quer terminar o que está falando, ou seja, tem que concluir para “não perder o fio da meada”, para não atrapalhar o raciocínio, eles entendem o que pretendo dizer com desorganização. Ao mencionar tal situação, Eliza confirmou minha impressão e acrescentou que já havia notado isso e se calava inclusive por esta razão. Peter também entendeu o que eu disse, confirmando minha avaliação.

 

Tipos mistos

 

Ele parece autoritário, incisivo, até agressivo em certas ocasiões. Seu modo de se colocar no mundo sugere um tipo N, empreendedor, agressivo nos negócios, aparentemente interessado em poder, dinheiro. Seu interesse, ou sua angústia, no entanto, não está em ser poderoso. Apesar de se comunicar falicamente, sua preocupação é com a defesa da sua organização interna, em não ser invadido pelo mundo externo. Seu estilo N de se comunicar foi forjado pelo modo de se relacionar com uma família hostil e agressiva. Tal comportamento é explicitado na terapia, com a devida ligação com a biografia. Neste sentido, pode-se caracterizá-lo como P/N.

   Quanto à Eliza pode-se dizer algo parecido em relação ao seu tipo N. O jeito histriônico de ser de Eliza, exigente e insatisfeito, seu estilo de vestir-se, seu modo incisivo de falar, seu olhar desafiador poderia levar a pensar em uma pessoa do tipo N de base, mas seus objetivos são outros. Embora ela seja agressiva ao cobrar de Peter, ela não pretende sair vitoriosa na disputa, mas deseja cuidados e atenção; o que predomina é sua dependência do objeto, típica do EL. Sua necessidade de cuidados é transmitida na forma de uma exigência impositiva, que não se sustenta quando Peter se mostra mais decidido do que ela. Pode-se, então, caracterizá-la como EL/N.

Tipologia do casal e os tipos P, N e EL

 

Para EIGUER (1991, p. 43) os casais podem ser organizados em três tipos: neuróticos (ou “normais”), anaclíticos (ou com angústia de perda, ou depressivos) e narcísicos (ou psicóticos). Os casais neuróticos são organizados pelo Édipo, os anaclíticos por apoio e os psicóticos por simetria ou narcisicamente.

   Pode-se dizer que este casal funciona de modo neurótico, fálico, com o Édipo como organizador, segundo a concepção de EIGUER (1991).  De acordo com ele, o casal neurótico, ou “normal”, constitui a maioria dos casais e os temas fundamentais de sua demanda são as dificuldades sexuais (impotência, vaginismo, etc), os conflitos onde dominam os ciúmes, a rivalidade profissional (o poder fálico) e dificuldades nas trocas verbais, além de crises ligadas a relações extraconjugais (EIGUER, 1991, p.35).

   Eliza, EL/N e Peter, P/N, funcionam como casal, de forma neurótica, o que deve ser analisado e interpretado. Mas, como Peter, P/N, tem como instância organizadora o id e Eliza, EL/N, o ideal do ego, este funcionamento neurótico sofre a influência dos outros tipos de base.

   Na minha concepção, o relacionamento deste casal pode também ser observado a partir da interação entre os tipos P e EL de base. Mostrar para Peter e Eliza seu modo de relacionamento neurótico e também seus aspectos anaclíticos e narcísicos, permitiu alterar suas perspectivas de interação, melhorando seu dia a dia no casamento.

   Para Eliza, a suspeita é de que Peter não a ama o suficiente, que ele a deixa em solidão, e suas queixas são dirigidas para obter provas de amor. Quando ele despende mais tempo com o esporte do que com ela, é uma prova de que não a valoriza. Suas exigências de cuidados não fazem parte de uma disputa fálica, mas de uma relação de apoio, embora sejam manifestadas aos supetões.

   Em dado momento, Peter se queixa de que Eliza é exigente, mas ela discorda de forma enérgica. Afirma que se satisfaz com pouca coisa, por exemplo, uma rosa seria mais importante do que uma viagem para a Europa. Ela “bate” forte, diz que ele nunca vai entender, que ele não é capaz de ter sensibilidade para agradar. Apesar de seu jeito agressivo, está pedindo para ele ter um gesto de cuidado, busca apoio. O problema de Peter, nesta situação, é que, em função de sua história de vida, para ele é difícil mesmo saber a hora certa de dar a “rosa” certa.

   Eliza se queixa de que Peter sai em viagem para a Europa, a trabalho, e nunca a convidou. Para ele, viajar sozinho faz mais sentido. Ele já tem que lidar com um fator de desorganização que é a viagem; se ainda por cima tiver que levar esposa e filhos, seria muita energia psíquica a gastar. Durante o trajeto do avião, ele procura se organizar para tirar bom proveito dos negócios. Alguém ao lado, mais atrapalharia do que ajudaria.

   Para Eliza esta justificativa tornou-se plausível apenas na medida em que ela conheceu o modo de funcionamento P de seu marido. Antes disso, sua única explicação era a falta de amor, com as consequentes brigas.

   Claro está que cada um tem o direito de escolher com quem vive. O fato de conhecer seu marido não implica que Eliza tenha que aceitá-lo como ele é. Ela pode compreender as razões para Peter ser ensimesmado e não querer conviver com ele. Em todo caso, o conhecimento dos tipos de personalidade facilita decisões sobre separação ou continuidade da relação, inclusive porque salienta os limites de cada pessoa. Dificilmente Peter poderia se tornar o marido cheio de cuidados de que Eliza necessita para se sentir amada. Por outro lado, ele pode tentar supri-la, em função de conhecer o que a esposa precisa e o porquê disso; não se trata de caprichos, mas de carências fundadas nas relações primitivas de sua esposa.

Importância da biografia

 

Associar a explicação do modo de ser dos tipos de personalidade com a biografia é fundamental para facilitar a compreensão do casal. Fazer tais associações facilita a compreensão do seu funcionamento, tanto para Peter como para Eliza.

   A circunstância biográfica que justifica o modo aparente de Eliza se relacionar, encontra-se no modus operandi de sua família de origem, ou seja, espalhafatoso, intenso, direto, incisivo. No caso de Eliza, o fato de seus pais a terem tido mais tarde que os outros filhos e de terem “terceirizado” sua educação para as irmãs, deixou nela uma suspeita de não ser suficientemente amada, faltou-lhe a mãe suficientemente boa (WINNICOTT, 1960).

   Peter e Eliza se conheceram quando ele estava noivo, com casamento marcado. Ter deixado a noiva para ficar com Eliza, foi para ela uma demonstração de amor que a cativou. O problema é que as declarações de amor necessitam ser contínuas para apaziguar Eliza, o que é cansativo para o estilo P de Peter. Fosse outro tipo de homem com outra biografia, as solicitações de amor de Eliza seriam bem vindas.

   Segundo WINNICOTT (1962), a repetição não é fruto da pulsão de morte, mas é a procura por uma solução do conflito. Neste caso, Eliza encontrou um homem distante, parecido com o estilo de seus pais, na busca de um elemento modificador de seu destino. Possivelmente, um homem caloroso não a teria atraído, como se pode observar tantas vezes nas escolhas conjugais.

   No caso de Peter, seu tipo de personalidade foi acentuado pelo estilo de vida de seus parentes. Pouco afeitos ao contato físico, de poucas palavras, sua família de origem o estimulou a se virar sozinho desde cedo. Para sua própria sobrevivência psíquica, ele aprendeu a contar com ele mesmo, o que colaborou com seu tipo P de personalidade para torná-lo mais introspectivo e menos comunicativo. Dependendo de suas histórias de vida e relações primitivas, muitas pessoas com tipo P/N são ansiosas e falam bastante; nem todos são ensimesmados como Peter.

   As motivações das escolhas devem ser explicitadas, com a devida correlação com as histórias de vida de cada um. Este ponto foi salientado ao longo das quatro sessões com este casal. Eliza buscou um homem a quem pudesse respeitar e que a apoiasse. A busca de objeto de apoio foi contemplada na questão financeira e no âmbito da estabilidade da estrutura familiar. Por outro lado, o homem afetivamente distante, que “deveria” se tornar uma pessoa calorosa não se concretizou, gerando conflitos. Pode-se pensar, ao considerá-la como histérica, que, no fundo, o que ela deseja é um homem que a deixe insatisfeita e que esta dependência é uma forma de expressar isto. Não é a opção que fiz, ao considerá-la como estado-limite e não como neurótica.

   No caso de Peter, Eliza é calorosa, intensa e vibrante, qualidades que sua mãe e sua família de origem não têm. Peter precisa de um contraponto ao seu estilo; um pouco de movimento alegra o ambiente e movimenta sua vida. Por outro lado, esta mesma intensidade se volta contra ele nas cobranças por demonstrações de amor, as quais além de serem custosas do ponto de vista psíquico, lhe trazem outro dilema porque ele não entende o que Eliza lhe solicita. Justamente porque Peter foi criado em uma família com poucos cuidados afetivos, falta-lhe referencial para suprir as necessidades dela. Além disso, as críticas e solicitações intensas de Eliza funcionam para ele como invasão, reforçando suas relações primitivas com a mãe, às quais ele reage se retraindo ainda mais, gerando um círculo vicioso complicado para os dois.

   A mãe de Peter é pessoa dura, invasiva, crítica e pouco afetuosa. Ele foi procurar na esposa alguém diferente destas características; ou talvez alguém parecido com a mãe, como repetição seguindo Freud, ou como esperança de conseguir mudar esta situação biográfica, segundo Winnicott. Eliza é carinhosa, dedicada e interessada no bem estar de seu marido. Quando, no entanto, Eliza se torna agressiva e exige que Peter se comporte de outra maneira, ela se torna parecida com a mãe de Peter, o que o deixa mais retraído. A recusa dele em escutar sua esposa reside no fato de se sentir tolhido em sua identidade. Para Peter escutar sua esposa aos berros seria equivalente a deixar de ser quem ele é, deixar-se absorver pela mãe autoritária que preferiria que ele se casasse com outra mulher, que ele fosse empresário dos negócios da família como o pai queria, que ele abrisse mão de ser ele mesmo. Demonstrar estas correlações é fundamental para que o casal consiga notar antigas questões sob outra ótica.

   O fato de eles perceberem este círculo vicioso facilita a convivência. Esta compreensão não necessita de muitas sessões para ser explicitada. Basta ao terapeuta estar atento à capacidade de percepção dos dois membros do casal e saber conduzir a sessão de modo a tornar mais simples o insight esclarecedor. Estas aproximações devem ser realizadas com todo o cuidado que o “timing” correto de uma interpretação implica. Pouco adianta estar de posse de teorias apropriadas e de intervenções adequadas se o fluxo da sessão não perseguir o encontro terapêutico, a comunicação significativa, obtida apenas se o terapeuta estiver em estado de escuta psicanalítica voltada para avaliar o momento propício para se fazer esta ou aquela observação.

Transferência/ contratransferência

 

Além da demonstração do funcionamento dos tipos de personalidade a partir das correlações biográficas, é fundamental a compreensão dos movimentos transferenciais na sessão. Por exemplo, Eliza no final da primeira sessão, ao se despedir, veio decidida ao meu encontro, deu-me um beijo e disse: “A minha amiga me disse que você era mais feminista do que você foi hoje”. Ressalte-se o aspecto sedutor demonstrado pelo modo incisivo do cumprimento, mas o mais importante é a queixa de que eu não teria estado tão ao seu lado como gostaria. Com isso também deixa entrever que me escolheu como terapeuta a partir de uma observação da amiga de que eu, “feminista”, “estaria ao lado das mulheres”, ou seja, permite supor o desejo de uma relação de apoio, que combina com seu tipo EL de ser.

   Eliza, no transcorrer das sessões, não me confrontou. O tipo EL/N de Eliza é aparentemente fálico, mas a questão central é saber se ela pode se entregar, apoiar-se. Sua carência vem de tempos primitivos, a partir de experiência com mãe não-suficientemente boa, em função de ter sido a terceira filha, com pais sem paciência para cuidar dela.

   A observação cuidadosa das relações contratransferenciais é fundamental na análise de qualquer paciente e se complica na terapia de casal. Ora é um ou outro que procura alianças e por vezes é interessante que um deles auxilie nas intervenções com o outro (LEMAIRE, 1998). É crucial não entrar no jogo de sedução dos dois, em busca de alianças. Caso o terapeuta comece a torcer por um dos dois, a terapia estará em risco. Como é possível isso acontecer, cabe ao terapeuta estar atento às suas reações para não “escolher” um dos dois. No caso de Eliza, ela procurava me seduzir mostrando-se mais próxima da psicanálise, interessada nas relações pessoais, salientando que o marido, mais fechado, não “nos” compreendia. Peter, no entanto, captava rapidamente o que era dito, desde que lhe fizesse sentido. O tipo EL de Eliza me incitava a apóia-la, enquanto tendia a organizar Peter. Atento a estes movimentos transferenciais, cabe ao terapeuta não agir, mas interpretar.

Conclusão

 

Conhecer a natureza do vínculo implica na compreensão das escolhas de objeto do casal, da história de sua união, da análise dos mitos de suas famílias de origem, visando transformar atuação em pensamento, o não-dito em palavra, procurando diminuir as projeções mútuas.

   As questões relativas aos tipos de personalidade apresentadas para o casal Peter e Eliza podem ser elucidadas nas sessões iniciais. Recorde-se que a terapia de casal será sempre compreendida como uma elucidação de conflitos vinculares, a partir do respeito a um referencial psicanalítico. Isto implica em não ser a favor de terapias individuais que se prolonguem, à vista do outro membro do casal. Isto também não quer dizer que há um esquema padronizado a ser seguido; pelo contrário, mantém-se o vértice psicanalítico, com o devido respeito à investigação da transferência, à interpretação, às associações livres e à neutralidade.

   Quanto mais focal a terapia e quanto menor seu tempo de duração, mais esta abordagem sobre os tipos surge como opção para o casal se conhecer. Na maioria das vezes o casal não vem com demanda clara de análise, de busca do sentido para seus sintomas e problemas, mas com a intenção de resolver questões pontuais que o aflige. Em uma terapia com mais de um ano de duração o enfoque em relação aos tipos psicológicos surge na medida em que o casal comenta o seu modo de relacionamento no cotidiano; em uma terapia com poucas sessões ou alguns meses de duração, a compreensão por parte de cada um dos cônjuges, do estilo de personalidade de seu parceiro, facilita sobremaneira a convivência do casal. Para o casal aqui apresentado, as observações foram feitas em quatro sessões, nas ocasiões que pareceram mais adequadas.

   A biografia surge nas sessões espontaneamente ou a partir de solicitação do terapeuta. No momento em que a discussão do casal se torna repetitiva e não mais se avança na compreensão do vínculo, é factível a intervenção por parte do terapeuta, ora com interpretações, ora com perguntas que visem clarear a situação.

   A terapia de casal exige um tempo maior de sessão, quando comparada com uma terapia individual. No exemplo de Peter e Eliza as sessões duraram o tempo necessário para elucidar as questões que surgiram; não menos de duas horas cada uma.

   Ao mesmo tempo, na segunda sessão, foi apontado para Eliza que sua vida pessoal foi deixada de lado para que o marido seguisse seu caminho. Tal atitude a coloca em posição de dependência e a torna mais exigente em relação ao marido; afinal, ela se dedica a ele e à família, então ele teria que ser mais cuidadoso em relação a ela. O que de fato é dela? O que seria seu desejo próprio? Ela se coloca como dependente, necessitada de afeto e não se apropria de um projeto pessoal. Daí sua dependência se amplia e seu marido não conseguirá satisfazê-la nunca. Casada com ele, sabe que pode construir e manter uma família. Se deixá-lo, terá que se virar sozinha, deverá ter um objetivo próprio na vida, mesmo sabendo que ele vai ajudar financeiramente.

   Esse jogo interativo de avaliar as questões pessoais, ao mesmo tempo que as do casal, faz parte da terapia o tempo todo. Ele deveria ser mais atencioso, ou ela deveria ser menos exigente? Ele deveria ser mais cuidadoso, observado pelo ângulo de um tipo P com a história de vida que ele teve, ou ela teria que ser mais condescendente ao conhecer melhor suas motivações? Ele precisaria cuidar mais dela, ao saber que suas necessidades de amor são profundas, ou não? Ela deveria cuidar para não invadi-lo, e buscar um projeto de vida pessoal, ou deveria insistir para que ele mudasse, ou procurar um outro homem mais disponível?

   O poder de elaboração fora das sessões aumenta na situação de casal. Não se pode esquecer que os dois convivem diariamente e revivem o que foi discutido na sessão, em várias situações do cotidiano. Caso os dois tenham demanda para se conhecer como casal, a terapia pode se prolongar por alguns meses ou anos, tempo necessário para elaborar as diversas questões apresentadas. Este casal específico satisfez-se com estas quatro sessões. Meses mais tarde, ela me telefonou para pedir indicação de terapeuta para um familiar e me informou que o casal passava bem. Após mais de seis anos da realização da terapia, o casal permanece casado, com melhor convivência.

Referências bibliográficas

 

BERGERET, J. (1974) La personnalité normale et pathologique. Paris: Dunod, 1985.

EIGUER, A., org, La thérapie psychanalytique du couple. Paris: Dunod, 1991.

FREUD, S. (1931) Tipos libidinais, in Obras completas, vol. XXI. Rio de Janeiro: Imago, 1969.

FREUD (1929/30) Mal estar na civilização, in Obras completas, vol XXI, p. 103, Rio de Janeiro: Imago, 1969.

GABBARD, G.O. (1994) Psiquiatria psicodinâmica. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

HEGENBERG, M.  Psicoterapia breve. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004

LEMAIRE, J. (1971) Terapias de pareja. Buenos Aires: Amorrortu editores, 1974.

LEMAIRE, J. (1998) Les mots du couple. Paris, Dunod.

WINNICOTT, D.W. (1951) Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

WINNICOTT, D.W. (1960) Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self, in O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

WINNICOTT, D.W. (1962) Enfoque pessoal da contribuição kleiniana, in O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

             

Prof. Dr. Mauro Hegenberg. Médico, psicanalista. Doutor em Psicologia Clínica - USP. Professor do curso de ‘Psicoterapia psicanalítica do casal’. Supervisor do NAPC (Núcleo de atendimento e pesquisa da conjugalidade). Professor do Curso de ‘Psicoterapia breve psicanalítica’ do Instituto Sedes Sapientiae e membro do Departamento de Psicanálise do mesmo Instituto. Autor dos livros “Borderline” e “Psicoterapia breve”, pela Editora Casa do Psicólogo.

Adress:   Rua Itapicuru 369, conjunto 903.  São Paulo, Brasil.

Phone: 55 11 36761097.

Email: mhegen@uol.com.br

Resumo

   O texto discute a importância da compreensão das características de personalidade na interação subjetiva na psicoterapia de casal. Seguindo um vértice psicanalítico, o enfoque principal do artigo centra-se nos tipos de personalidade N, P e EL, relativos aos tipos libidinais - obsessivo, narcísico e erótico - descritos por Freud e modificados por Bergeret e Hegenberg. Um exemplo esclarece o manejo do casal nas sessões.

Unitermos

   Psicoterapia psicanalítica, ansiedade de castração, psicoterapia de casal, tipos de personalidade, intersubjetividade.

Key words

   Psychoanalytic psychoterapy, castration anxiety, couple psychotherapy, personality type, interpersonal relationship.

 Abstract

   This article makes reference to couples psychoanalytical psychotherapy based on the personalities’ types. In the transferential relationship process that comes up during the sessions, focus arises and can be demonstrated through anxieties – castration, fragmentation and anaclisis – and is elucidated through the relation between personality types – obssessive, narcisic and erotic – first described by Freud and later on modified by Bergeret and Hegenberg. An example clarifies the session´s handling.

 

                                                                     São Paulo, julho 2010.

 


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